O primeiro coronel negro da Bahia
O Coronel Francisco Dias Coelho nasceu em Morro do Chapéu, no
norte da Chapada Diamantina. Teve de uma infância pobre, filho de agregados da
Fazenda Gurgalha, era descendente de negros livres pelo lado paterno e de
libertos pelo materno. A trajetória de vida de Dias Coelho coincide com as
transformações pelas quais passou a região no período compreendido entre o fim do
século XIX e início do XX. Ao longo deste período, a pecuária extensiva foi
substituída pelo garimpo de diamantes e posteriormente pela mineração de
carbonatos, que possibilitou o acúmulo de riqueza por parte de muitas pessoas
de origem pobre, inclusive o personagem em questão. No Município de Morro do
Chapéu um grupo de emergentes, enriquecidos pelo comércio de carbonatos e com
aspirações políticas estabeleceram estratégias para conquistar o poder local e
dominar a região. Dias Coelho era a maior expressão dessas pessoas, ascendeu
econômica, social e politicamente, fundou o seu próprio grupo político, os
Coquís, e se tornou o mais influente coronel do seu tempo no sertão do médio
São Francisco. O coronelismo com Dias Coelho foi exercido de forma diferente, o
mandonismo, clientelismo e organização clâmica das famílias de proprietários,
foi substituída pelo personalismo e a construção de uma imagem pública
condizente com o que a população esperava de um governante, estas diferenças
podem ser observadas no estilo de política adotado pelo mesmo. Construiu para
si a imagem de bondoso, justo, diplomata e outros adjetivos que não são comuns
quando se trata de coronéis do sertão baiano. Ao falecer, em 1919, havia
implementado uma política diferente dos outros coronéis, era respeitado e
continuadamente lembrado, porém, conviveu com o racismo presente na mentalidade
das pessoas da Bahia na época.
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